V-140. - INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS – CASUÍSTICA DE UM SERVIÇO DE MEDICINA
Servicio de Medicina. Centro Hospitalar do Baixo Vouga – Aveiro.
Objetivos: Revisão dos casos de intoxicação por organofosforados internados num serviço de Medicina num período de 5 años.
Métodos: Análise retrospetiva, através da consulta dos registos clínicos, dos casos de intoxicação por organofosforados internados num serviço de Medicina no período de 1 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2013.
Resultados: No periodo estudado, foram encontrados 8 casos. Apresentavam uma média etária de 46,3, sendo 63% do sexo masculino. Todos os pacientes foram admitidos inicialmente no Serviço de Medicina Intensiva mas apenas 5 necessitaram de ventilação mecânica invasiva, tendo apenas ocorrido um óbito. Todos os casos consistiram em intoxicações voluntárias por via oral, tendo sido os tóxicos utilizados variados. Numa primeira abordagem, todos foram medicados com atropina e obidoxina. Com apresentação clínica variada, os síntomas muscarínicos foram os mais frequentes, 75% apresentavam sialorreia e 62,5% bradicardia, vómitos, miose ou hipersudorese. Como complicações surgiram infeções respiratórias nosocomiais, quer por aspiração, quer relacionadas com o ventilador.
Discusión: Os compostos organofosforados constituem um grupo heterogéneo de químicos usados tanto para fins domésticos como industriais, sendo de fácil acesso à população em geral. O mecanismo de ação dos organofosforados consiste na inibição da acetilconinesterase, com acumulação de acetilcolina através do sistema nervoso e consequente sobrestimulação dos rectores muscarínicos e nicotínicos. Os efeitos clínicos manifestam-se pela ativação dos sistemas nervoso autónomo e central e dos recetores nicotínicos no músculo esquelético. Não sendo uma situação frequente, a intoxicação por organofosforados é habitualmente voluntária traduzindo uma tentativa de suicídio. O facto de todos os doentes terem sido admitidos no Serviço de Medicina Intensiva traduz a gravidade desta situação. A existência de antídoto específico é um pilar fundamental no tratamento destes doentes e que foi amplamente utilizado.
Conclusiones: Apesar das medidas terapêuticas disponíveis na intoxicação por organofosforados, o prognóstico destes doentes encontra-se relacionado sobretudo com a quantidade de tóxico ingerido assim como com a precocidade da primeira abordagem do doente. A educação da população sobre a forma de atuar a disponibilidade de equipas médicas de pré-hospitalar, permitindo uma rápida abordagem ao doente são de primordial importância nestes casos. Não de menor relevância é a implementação de medidas que restrinjam o acesso a estes produtos.
