EA-112. - POPULAÇÃO ENVELHECIDA – CARACTERIZAÇÃO DOS DOENTES OCTAGENÁRIOS E NONAGENÁRIOS INTERNADOS NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA
Servicio de Medicina Interna. Centro Hospitalar de Leiria-Hospital de Santo André. Leiria.
Objetivos: A organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a idade avançada oscila entre os 60 e os 74 anos, e a velhice a partir dos 75 anos, sendo que neste último grupo os indivíduos com idades entre os 75 e os 90 anos são considerados velhos, e os que têm mais de 90 anos são denomidados grandes velhos. A evolução da população residente em Portugal tem vindo a denotar um continuado envelhecimento demográfico, o que acompanha a tendência mundial. Os indivíduos idosos apresentam alterações determinadas pelo envelhecimento, que afectam todos os órgãos e sistemas, estando sujeitos a diversos processos patológicos crónicos e agudos, que frequentemente estão associados, caracterizando a pluripatologia do idoso. Objectivo: Caracterização dos doentes mais velhos, nomeadamente octagenários e nonagenários, internados num serviço de Medicina Interna.
Métodos: Análise retrospectiva e transversal dos processos clínicos dos primeiros 150 doentes internados no início do ano de 2013 e que tiveram alta do serviço de Medicina Interna. Foram analisados dados demográficos, proveniência dos doentes, diagnósticos principais, comorbilidades associadas nomeadamente hipertensão arterial (HTA), diabetes mellitus tipo 2 (DM 2), arritmia cardíaca (fibrilhação auricular), entre outras, e mortalidade. Nos doentes com mais de 1 internamento, não foi considerado o 2º internamento.
Resultados: Analisaram-se os processos dos doentes com idades compreendidas entre 80 e 99 anos. Destes, 96 doentes eram do sexo feminino (64%) e 54 eram do sexo masculino (36%). A idade média à data do internamento era de 86 anos. Não foi identificado nenhum doente com idade > 99 anos. Identificaram-se 2 grupos de doentes enquanto à proveniência, 105 doentes (70%) provenientes do domicílio, e 45 doentes (30%) institucionalizados, incluindo 1 doente proveniente da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). Dos 150 doentes incluídos na análise, os diagnósticos principais foram Pneumonia - adquirida na comunidade Vs associada aos cuidados de saúde – (38%), Infecção do tracto urinário (12%), Insuficiência Cardíaca Descompensada (10%), AVC isquémico (9,33%) e Traqueobronquite (8,66%). As comorbilidades associadas mais prevalentes foram HTA (50,66%), arritmia cardíaca (fibrilhação auricular, 32%), insuficiência cardíaca (28%) e DM 2 (27,33%). A taxa de mortalidade durante o internamento foi de 20%. Do total de doentes caracterizados, identificaram-se 24 doentes com desnutrição (16%), 18 doentes com doença de decúbito (12%) e 42 doentes acamados (28%).
Discusión: Identificou-se um predomínio das doenças do aparelho respiratório, independentemente da proveniência do doente, o que pode ser explicado pelo facto da análise ter contemplado o início do ano de 2013 (meses de janeiro e fevereiro). Foram também identificadas comorbilidades variadas, evidenciando a presença de um doente pluripatológico em idade avançada. Salienta-se, ainda, a atenção que deve ser dada ao estado nutricional já que este, quando desadequado e deficitário, aumenta o risco de infecções e mortalidade.
Conclusiones: A evolução das condições de vida e a melhoria dos cuidados de saúde contribuem para o aumento da esperança média de vida. Contudo, um novo desafio se coloca uma vez que as pessoas de idade muito avançada (velhos e grandes velhos) são, na generalidade, mais vulneráveis a problemas de saúde diversos, tal como se constata nesta análise.